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Conheci Sérgio no primeiro evento de artes visuais em que fui selecionado. Um encontro nacional de jovens pintores, desses que juntam um monte de gente talentosa e caótica num espaço apertado, com cheiro de tinta fresca, noites maldormidas e discussões acaloradas sobre estética, política e cor.
Ele era um dos primeiros que reparei. Não só porque era bonito, mas porque pintava com uma entrega que eu invejava. Ele tinha uma sensibilidade, uma maneira de pintar, de pegar o pincel, e jogar tinta na tela como se estivesse escrevendo uma carta urgente pra alguém que podia morrer a qualquer momento. E talvez fosse isso mesmo. Nos primeiros dias, trocamos olhares. Depois, comentários rápidos sobre as obras um do outro, umas risadas em comum durante as críticas coletivas e assim, a aproximação veio como o traço mais natural de uma aquarela molhada demais: espontânea, inevitável.
No último dia daquele evento, ele comentou que ia sair pra comprar bebida. Não pensei muito e disse que ia junto. Andamos pela cidade como se fôssemos amigos de infância. A conversa fluiu. Primeiro, falamos de cor, de técnica, de artistas que amávamos, da primeira vez que cada um pintou algo, etc. Depois, a conversa virou pra outras coisas: família, decepções, amores...
Foi quando me escapou:
— Tu já ficou com cara?
Ele nem hesitou.
— Já. Umas vezes. Por quê?
— Curiosidade, só.
A conversa seguiu, mas o clima mudou. Ficamos mais calados. Eu dei um gole da garrafa e já não aguentando mais, ofereci-a. Ele aceitou com um sorriso doce, e num impulso meio idiota, meio nervoso, disse:
— Agora tu tá me devendo uma mamada.
Sérgio riu, pegou a garrafa da minha mão, bebeu também, sem limpar a boca, sem cerimônia. E me olhou de lado, com aquele meio sorriso de quem sabe exatamente o que tá fazendo.
Meu corpo reagiu na hora. Um calor estranho, rápido, subiu pelo peito. Quando voltamos pro alojamento, nos despedimos com um abraço demorado demais pra ser só de amigo. Dei um beijo na bochecha dele, sentindo sua barba grossa na minha boca. Ele não se afastou. Só disse:
— A gente se vê no próximo encontro.
E viu.
No mês seguinte, a gente se reencontrou em outro evento, numa cidade pequena, num alojamento improvisado. E pareceu que a história tinha sido pausada e retomada exatamente de onde tinha parado.
Na primeira noite, o meu quarto era impossível. Um dos caras fedia tanto que era impossível dormir. Falei com Sérgio que ia pedir pra trocar. Ele disse que ia comigo. Conseguimos duas camas livres no beliche de um dos quartos dos fundos. Nos deram a parte de baixo, e a gente se deitou lado a lado, cada um virado pro seu canto, fingindo que só queria dormir.
Mas o silêncio falava alto.
As luzes já estavam apagadas. O quarto todo respirava num ritmo calmo. Foi aí que ele virou um pouco, me olhou por cima do ombro e me deu um selinho. Do nada. Simples, direto. Mas com gosto.
A respiração dele ficou mais forte depois. Ritmada. E ele começou a se roçar em mim, devagar, com a bunda encostando no meu pau. Primeiro como quem se mexe pra achar posição, depois com mais firmeza. Eu endureci na hora, sentindo o calor do corpo dele encostar no meu.
De repente, ele segurou minha mão. Forte. Com decisão. E foi guiando ela pra baixo, até o pau dele. Senti ele duro por cima da cueca. Eu fiquei sem ar por uns segundos. Comecei a apertar, a passar a mão, devagar. Ele virou o rosto. E a gente se beijou. De verdade. Boca com boca, língua, barba raspando na minha cara. O hálito dele tinha gosto de cerveja, cigarro e maconha. Dava vontade de gozar só de sentir aquele cheiro.
Ele beijou meu pescoço com vontade, lambendo, mordendo leve, enquanto nossas mãos iam juntas pros nossos paus. Ficamos ali, roçando pau com pau, sentindo o calor entre nós. Era lento. Tinha uma delicadeza no movimento, mesmo com o tesão explodindo. A fricção, a maciez da pele, o som abafado da respiração acelerada. A gente se masturbava um ao outro, sentindo com calma as veias de cada um. Sua mão era firme, gostosa, e me dava muita tesão.
Nos beijávamos entre uma esfregada e outra. Às vezes ele puxava meu rosto pra perto, às vezes eu que buscava a boca dele. A barba raspava no meu queixo, no meu pescoço, nos meus lábios. Era como se eu estivesse sendo marcado. E eu queria isso.
Depois, ele começou a lamber meu peito. Foi até o mamilo, e chupou com vontade. Eu gemi. Baixo, mas gemi. Ele sabia o que tava fazendo. Foi descendo. A boca dele passou pela minha barriga, pela virilha. E aí ele me mamou. De verdade. Firme, fundo, ritmado. Usando a língua em uma rotação lenta, como se estivesse saboreando. Eu quase gozei ali, mas segurei. Disse:
— Tô quase...
Ele parou, me olhou com um sorriso. Voltamos a nos masturbar juntos. Um com a mão no pau do outro, de frente, testas coladas, corpos suados. Nos beijavamos. Na sua língua, senti o gosto do meu pau, do meu pré-gozo. Gozei ao sentir. E ele gozou quando me viu gozar. Tentei conter o som, mas foi impossível. Bufei no seu pescoço. Ele riu.
Depois, ficamos deitados, respirando ainda alto. Ele me deu um selinho demorado. E eu disse:
— Foi minha primeira vez.
Ele me olhou nos olhos. Sorriu pequeno. E me puxou pra perto.
Dormimos de conchinha. Ele por trás. Braço em volta da minha cintura. O pau mole encostado ainda em mim, quente. O cheiro do quarto, da nossa pele, da nossa gozada ainda no ar.
Adormeci ali, com a barba dele raspando no meu ombro.
E se isso não é arte, bom, eu não sei mais o que é.
Autor: Rafael
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FONTE -
Conto Enviado pelo Internauta.
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